Nem sempre as coisas correm como planeadas. Esta é uma das incontestáveis verdades da vida. Ou, pelo menos, deveria ser.
Vamos jantar ao nosso restaurante favorito, pedimos lombo com batatas assadas no forno e, em vez disso, servem-nos bifanas de búfalo com mostarda, ou pior, com molho de leitão; o horror.
Vamos a um "blind date" (um "encontro cego" para aqueles que não sabem suomi) e aparece um "deaf date" (muito chato, caro leitor, eu não sei linguagem gestual);
Vamos a um cocktail bar, queremos recitar uma passagem da Bíblia para impressionar os amigos e, de repente, por razões que a própria Razão desconhece, dá-nos para recitar J. L. Borges ou Danielle Steel (uma espécie de Tourette literário);
Ou então, vamos fazer amor incondicional com a mulher dos nossos sonhos e começamos a pensar naquele talão de desconto do Minipreço cuja validade termina no dia seguinte - eu não sei quanto a vocês, mas a libido fica logo ali encravada.
Isto para dizer o quê, caro leitor? Onde é que quero chegar com estes exemplos tão concretos da vida real?
Se a vida nos parece absurda e até cruel, há, no fundo, alguma sabedoria subjacente nessa dinâmica, uma lição a aprender. Por mais que nos esforcemos, a nossa Fênix não renasce numa magnífica apoteose espontânea. Alias, não deve haver esforço. Se lhe aconteceu a si, querido leitor, considere-se bafejado pela Fortuna.
Temos de ser pacientes e um pouco patetas e deixar a nossa Fênix renascer aos pouquinhos, a seu tempo.